Aumento da população idosa no Brasil aponta urgência em políticas que indiquem caminhos para um “envelhecimento ativo”
Idosos do SCFV participam de atividades em grupo na cidade de João Dourado-BA. (Créditos: Rafaela Vieira)
A velhice possui várias dimensões, entre elas a social e a biológica. No que diz respeito ao envelhecimento, a população idosa corresponde 15,6% dos brasileiros, em 2022. Este número representa um aumento de 56% desde 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com a expectativa de vida atingindo 75,5 anos, a sociedade enfrenta desafios significativos, exigindo, além dos cuidados com a saúde, políticas públicas abrangentes, que incluem habitação, transporte, educação e mercado de trabalho.
As limitações impostas pelo envelhecimento alteram não apenas a vida dos idosos, mas também demandam políticas públicas adaptadas. A proposta é construir uma sociedade para todas as idades, levando à pergunta crucial: estamos preparados?
A abordagem da “velhice ativa” pela Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça a importância de promover modos de vida saudável em todas as idades. À medida que a idade avança, o desgaste do corpo se torna inevitável, aumentando a dependência e as enfermidades. A experiência do envelhecimento varia, desde o fardo da sobrevida até uma vida tranquila e privilegiada quando a história de vida é valorizada.
A professora aposentada Loide Silva de Oliveira divide com outros três irmãos (todos com mais de 60 anos) os cuidados com o pai, Francisco Silva (95). Ela destaca os desafios e a importância do apoio familiar. “Os filhos se revezam no cuidado diário e fazendo companhia a ele”, conta a professora baiana que passou a morar na casa do pai. “Meu pai está completamente lúcido mas, infelizmente, não tem alegria em viver”, relata.
Jonas Silva, aos 101 anos, mostra que a autopercepção da velhice é um estado de espírito que influencia o cuidado com a saúde, participação social e autonomia. Morador da comunidade baiana de remanescentes quilombolas de Mata do Milho, Jonas Silva oscila entre a lucidez e o esquecimento ao relatar os “causos” antigos. A memória, no entanto, não falha quando o assunto é uma roda de samba. “Pela vontade dele, não perdia nem “aniversário de boneca”, diz a filha Rosália Souza, que faz questão de ressaltar que “ele tem muita vontade de viver”.
O baiano Jonas, samba e canta aos 101 anos junto ao grupo de Reisado. Crédito: Rafaela Vieira
Nos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), por exemplo, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) desempenha um papel importante, proporcionando atividades em grupo para promover autonomia e autoestima entre os idosos e prevenir situações de risco, exclusão e isolamento. O serviço público federal funciona em parceria com prefeituras em milhares de municípios.
Projeto Longevidade, do CRAS de João Dourado leva oficinas para inclusão digital de idosos. (Créditos: Ascom/Prefeitura de João Dourado-BA)
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