Por que o Brasil ainda não é um país de leitores?
- Kauã de Freitas
- há 2 dias
- 2 min de leitura
Autora: Kivia Henning

Morar no Brasil é viver em meio a uma rica tapeçaria de histórias e tradições. Um país rico em cultura e diversidade, mas aqui o hábito da leitura ainda é inexistente por muitos. Diferente de outros países, onde ter uma biblioteca em casa é quase um símbolo de status, o Brasil luta para aumentar seu índice de leitores e, consequentemente, de vendas de livros.
Historicamente, o acesso à educação e à leitura aqui foi marcado por desigualdades sociais profundas. Essa realidade se reflete na valorização do livro como objeto de consumo. Enquanto nos Estados Unidos a leitura é incentivada desde cedo, com campanhas nacionais e investimentos em bibliotecas e educação; no Brasil, o livro é frequentemente visto como um artigo inacessível para grande parte da população. Apesar de amarmos contar e ouvir histórias, o livro é um visitante raro, mais por falta de acesso e incentivo do que por desinteresse. Enquanto isso, a televisão e sua influência reinam nos lares da maioria dos brasileiros.
A questão não é apenas econômica, mas profundamente cultural. Em muitos lares brasileiros, não há o costume de ler, seja por falta de tempo, interesse, ou pela influência da mídia e outras formas de entretenimento que competem pela atenção das pessoas. Além disso, o país enfrenta problemas como a falta de bibliotecas e eventos literários que poderiam ajudar a promover a cultura da leitura.
Um exemplo ilustrativo dessa disparidade é o caso do livro “Monsterlog”, escrito por uma autora brasileira, que alcançou o terceiro lugar entre os e-books mais baixados na categoria de fantasia na Amazon dos Estados Unidos. Isso aconteceu durante o Pride Month de 2023. Apesar do reconhecimento internacional, poucos conhecem o “Monsterlog” aqui, o mesmo possui um público limitado em seu próprio país. Isso me faz pensar: quantos outros talentos não estão sendo devidamente reconhecidos no Brasil?

Este caso reforça a ideia de que, apesar da qualidade dos autores nacionais, há uma barreira significativa na valorização e no consumo de produções literárias nacionais. As barreiras são muitas e vão desde a falta de bibliotecas até o alto custo dos livros. Na escola, muitas vezes a leitura é vista como obrigação, não como prazer. Para mudar essa realidade, precisamos de um movimento que envolva governos, escolas, editoras e a sociedade. Imaginem se mais crianças crescessem vendo seus pais com um livro nas mãos?
Temos tudo para ser um país de grandes leitores. O que nos falta é transformar o acesso à leitura em uma realidade para todos, valorizando-a como uma janela essencial para o mundo. Acredito firmemente que com incentivo e oportunidades, o Brasil pode se redescobrir como nação leitora. Está mais do que na hora de escrevermos um novo capítulo na nossa história cultural.
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