Você já ouviu falar em audiodescrição? Ela é essencial para que pessoas cegas ou com visão reduzida possam entender a aproveitar eventos como peças e apresentações. Na edição do Festival de Curitiba deste ano, o espetáculo A palavra Escrita no Muro contará com a funcionalidade para garantir a ampliação do acesso à cultura.
A peça, organizada pela Companhia em Jornada e Cia, aborda o enredo no qual qual moradores de um condomínio têm a rotina alterada depois que alguém, não se sabe quem, pichou uma palavra incompreensível no muro da frente.
A palavra é apagada, mas volta a aparecer. O fato, aparentemente banal, faz com que o prédio fique famoso na cidade e no país. Um cineasta então decide ir até o prédio para fazer um documentário sobre o fato entrevistando os moradores do prédio.
A produtora da peça, Michelle Paim, conta que a atriz Andreia Paiva é áudio descritora, o que facilitou o processo. "A ideia surgiu depois de vários pedidos de pessoas cegas em Curitiba para que houvesse a possibilidade de acesso. Realizamos esse trabalho com muito amor e muita vontade, mesmo sem patrocínio", completa.
As inspirações para a produção, confessa Michelle, foi o filme Edifício Master, do cineasta Eduardo Coutinho, e o conto A preocupação de um pai de família, de Franz Kafka. Para o projeto, a companhia contou com o a parceria da empresa paulista especializada em audiodescrição, Ver com Palavras, e a empresa de tradução simultânea, Riole, que cedeu equipamentos para que a peça pudesse ser realizada aqui na capital paranaense.
Michelle Paim, Daniel Ramos e Andréia Paiva são atores e produtores do espetáculo. Para eles é papel dos artistas levar um trabalho de qualidade para todas as pessoas. "Nossa energia está voltada para todos", afirma Michele.
A atriz aponta ainda que o espetáculo encenado em Curitiba é o primeiro espetáculo juntos como Cia em Jornada. “O grupo surgiu do desejo de autonomia de nós, os atores, que queríamos participar da criação de um espetáculo, de todas as fases da montagem, da escolha temática até a construção da dramaturgia, do texto ao flyer entregue na estreia, da concepção estética até a produção”.
Ainda sobre a formação do grupo, a atriz conta que o aprendizado foi com o processo em andamento. “Em um caminho não ortodoxo, nós começamos nosso trabalho sem direção, com improvisos que não tinham um tema como premissa, em parceria com um dramaturgo Flavio Cafiero, que abarcou os anseios do grupo, e estruturou o material trazido por nós os atores, em um texto atual e necessário. A direção, de Maria Carolina Dressler chegou depois do texto pronto, veio para organizar e dar uma visão mais coesa ao nosso trabalho, o que possibilitou a estreia do espetáculo”, finaliza. SERVIÇO A palavra escrita no muro Dia 06/04 às 21:30 Dia 07/04 às 15:30 Local: Basement Cultural na rua Desembargador Benvindo Valente, 260 no bairro São Francisco, em Curitiba.
Texto: Maria Eduarda Biscotto Fotos e vídeo: Cia em Jornada
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