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Renata Cristina

Para todos, todas e todes



Vosmecê já ouviu falar em linguagem neutra? Caso não conheça a palavra vosmecê, pode ser que não tenha acompanhado novelas de época ou não se recorda de algumas aulas de História. Isso se deve as variações linguísticas que foram modificadas ao longo do tempo. Pois bem, a linguagem neutra consiste em fazer a substituição das vogais ''a'' e ''o'' pela letra ''e'' em pronomes. No caso do vosmecê, que passou a ser ‘’você’’ e, na internet, tornou-se o ‘’vc’’, a questão é de facilitação do cotidiano. Já a linguagem neutra, é uma questão de representatividade e inclusão para alguém que não se identifica com o gênero feminino ou masculino.

Esta, contudo, não é a interpretação de todos. O governo do Mato Grosso do Sul, por exemplo, sancionou uma lei em dezembro passado que proíbe o uso em escolas e documentos oficiais do Estado. A proposta aprovada pelo Governador Reinaldo Azambuja (PSDB), é do deputado Márcio Fernandes (MDB). Um projeto com o mesmo objetivo foi aprovado em Rondônia, também em 2021, mas a lei foi suspendida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin.


Para o brasileiro que pensa que é uma exclusividade do nosso país, na última quarta-feira (05), a Netflix estreou o remake em espanhol da novela mexicana Rebelde, com o mesmo nome. O primeiro episódio vemos o ''Bienvenides todes''. E o gênero não-binário (termo usado para quem não se identifica nem como gênero masculino ou feminino) também aparece em Sex Education, série britânica.


A não exclusividade brasileira, mostra que não é mero capricho ou vontade. É sobre identificação. Claro, que estar no Brasil em 2022, é conviver com um longo caminho de evoluções e coisas urgentes para serem resolvidas. Como o fato de ser por 12 anos seguidos o país que mais mata transexuais no mundo - o que inclusive parece ecoar menos entre os debates. Isso sem falar os mais de dois anos de pandemia com mais de 600 mil mortes. Combater um, não significa necessariamente parar de falar sobre o outro. Há espaço e deve ser debatido.


O que talvez para você, caro leitor, não faça sentido, pode transformar o jeito que alguém vive em sociedade. Para a linguagem neutra, há um longo caminho a ser traçado e, por hora, nos resta respeitar todos, todas, todes.

Crédito da imagem: Freepik

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