Autor: Thales Godinho - especial para Mediação/CNU
Camila Machado, curadora na equipe de seleção dos longas-metragens, em entrevista para o making off da 11.ª edição do festival.
O Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba chega à sua 12ª edição este ano. Entre os dias 14 e 22 de junho, o evento celebra o cinema independente realizado em todo mundo. Além disso, é um espaço para fomentar a diversidade cultural e estética das produções cinematográficas. É o que afirma o diretor da Escola Superior de Língua da Uninter e pesquisador em cinema, Jeferson Ferro, que destaca a experiência mágica do cinema.
“É também um lugar de encontro de pessoas e de celebração do ‘verdadeiro cinema’, essa aventura coletiva de passar duas horas numa sala escura, compartilhando uma viagem narrativa por meio de imagens e sons. E isso é magia pura. Uma magia que anda meio esquecida nesse mundinho de telas particulares em que nos enfiamos, mas cujo poder permanece vivo”. Quando questionado sobre os filmes que compõem a programação, ele afirma que “durante o festival é possível assistir a filmes que jamais estarão no catálogo da Netflix, de diversos lugares do mundo, e que não se resumem a propostas de entretenimento”.
A curadoria é um processo fundamental para selecionar e programar filmes que representem diferentes culturas e perspectivas, além de abordar temas sociais relevantes. De acordo com a assessoria, “os festivais de cinema, especialmente um festival de cinema independente como o Olhar de Cinema, são espaços de exibição, celebração, encontro, mas também de reflexão”. Assim, a escolha dos filmes deve ser criteriosa e priorizar a diversidade de olhares e perspectivas, conforme afirmado pela assessoria: “o festival surge como espaço para exibições e discussões que provavelmente não seriam exibidos em outros contextos”.
No Olhar de Cinema, a curadoria é realizada por uma comissão de seleção que assiste a centenas de filmes todos os anos. O processo de seleção é complexo, pois envolve a análise de diversos fatores, tais como o gosto pessoal dos curadores, o perfil de filmes do festival, as escolhas estéticas, o ineditismo ou o interesse na exibição em Curitiba. Para garantir a variedade de nacionalidades e a abordagem de temas sociais relevantes, a curadoria precisa ser cuidadosa na análise dos filmes inscritos e promover discussões profundas entre os curadores.
Os desafios enfrentados pela curadoria do Olhar de Cinema incluem o alto
número de filmes inscritos todos os anos, o que demanda muito tempo e dedicação para assistir a todos e selecioná-los. Além disso, é importante garantir a diversidade de olhares e perspectivas: “a curadoria deve contemplar temas sociais relevantes e incluir filmes de diferentes nacionalidades, a fim de ampliar a diversidade de olhares e perspectivas”, afirma a assessoria.
No entanto, a curadoria do Olhar de Cinema tem sido bem-sucedida em superar esses desafios e apresentar uma programação diversa e relevante nos últimos anos. O festival tem abordado temas como diversidade, racismo, gênero e meio ambiente por meio de filmes de diferentes países e culturas, promovendo reflexões no público presente. “O Olhar promove todos os anos a realização de debates após a sessão, mesas e oficinas que buscam justamente discutir e propor novas reflexões acerca das seleções e dos filmes de cada um dos anos”, destaca a assessoria do evento.
Dessa forma, a curadoria do Olhar de Cinema tem um papel fundamental na promoção do cinema independente e na ampliação do debate sobre temas sociais relevantes. O processo de curadoria é complexo, mas os resultados alcançados pelo festival mostram que é possível selecionar filmes de qualidade que representem diferentes culturas e perspectivas, conforme afirmado pela assessoria do evento: “o festival surge como espaço para exibições e discussões que provavelmente não seriam exibidos em outros contextos”.
Um dos exemplos da relevância do festival é destacado pelo professor Jeferson, que relembra um curta que há alguns anos marcou sua percepção do festival, “mostrava camponeses no interior da China tirando fotos de família diante de painéis, ou seja, com um cenário fake, num momento muito importante para a história daquelas pessoas. Era algo que eu nunca tinha visto ou imaginado, e aquelas imagens nunca saíram da minha lembrança”. Por isso, ele afirma que parte do objetivo do festival é causar estranhamento e que “A arte existe para incomodar”.
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