Autora : Alanna Della Possa
Em recente decisão, o diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura, Jéferson Assunção, disse que irá retomar o Plano Nacional do Livro e Leitura. Mas o que me chamou a atenção foi do porquê esse programa alguma vez ter sido pausado ou desestruturado. Resolvi pesquisar sobre o hábito da leitura no Brasil. Já tinha lido algo a respeito, mas quando me deparei com os números, que foram encontrados através da Plataforma Pró-Livro, percebi que o problema é mais social do que cultural.
Apenas 49% dos estudantes do Ensino Fundamental I se declaram como leitores, e claro que quanto menor a renda familiar, menor esse número fica: apenas 38% da população das classes D e E disseram ter o hábito da leitura. Outros dados encontrados na Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil apontam que 42% das pessoas com mais de 5 anos alegam não ler por terem alguma dificuldade na leitura ou na compreensão de textos.
O plano do governo se estende por 10 longos anos e tem como principal meta fazer com que o livro esteja mais presente na vida das pessoas, principalmente na vida das crianças. Talvez você não saiba, mas um livro novo no Brasil tem um preço que pode comprometer uma boa parte da renda de pessoas mais pobres, e além de tudo isso, em 2020, tivemos mais um susto: a possibilidade de uma taxação de 12% em uma proposta de um novo imposto para o setor de livros. A Receita Federal, órgão público, se pronunciou na época sobre o tal fato alegando que isso não afetaria os mais pobres, já que eles não leem. E não leem por culpa de quem, Receita Federal?
O problema vai além do preço: a reforma escolar faz-se necessária, incluindo boas bibliotecas com infraestrutura, livros apropriados e em boas condições de uso. Um leitor não nasce da obrigação de ler um livro complexo para vestibular, o leitor nasce da convivência escolar e familiar com o livro, com os contos, com a fantasia. Afinal de contas, como já dito pelo escritor George R.R. Martin “quem lê um livro vive mil vidas, quem não lê vive só uma”.
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