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Paulo Pessôa Neto

Mercado da produção fotográfica é tema no terceiro dia da III Semana da Fotografia


Mariana Alves e Henry Milleo são os convidados especiais do terceiro dia da III Semana da Fotografia Uninter. Foto: Renata Cristina.


No Dia Mundial da Fotografia, quinta-feira (19), ocorreu o terceiro e último dia da III Semana da Fotografia. A data foi homenageada com mesa ‘Como desenvolver projetos fotográficos’, com transmissão ao vivo pelo canal Jornalismo Uninter no Youtube e contou com os fotógrafos convidados Mariana Alves e Henry Milleo, com a mediação da jornalista Ma. Elaine Schmitt e a presença da profa. Ma. Marcia Boroski.

A fotógrafa e jornalista, Mariana Alves, foi a primeira convidada a falar. Ela é especialista em História da Arte pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, desenvolvedora do projeto de arte ‘Não repare a bagunça’. Como fotógrafa profissional, Mariana possui várias experiências como Editorial, Rua, Eventos e Museu, além de produzir trabalhos autorais.

Mariana apresentou um pouco de seu histórico como profissional, destacando o trabalho com a Fotografia de Rua para entender o espaço do fotógrafo, além do aprendizado que a experiência pode proporcionar. A fotógrafa também falou sobre seu projeto ‘Não repare a bagunça’, que conta a história das pessoas através de fotografias em espaços domésticos.



Mariana apresentou seu projeto 'Não repare a bagunça', onde registrou o íntimo dos lares através de sua fotografia. Foto: Renata Cristina.


Compartilhando alguns registros feitos durante o projeto, Mariana falou sobre a ressignificação do espaço doméstico com a pandemia, onde as moradias se tornaram espaços de trabalho, de estudo, de isolamento e proporcionaram um novo entendimento sobre o local de morada. “Acho que voltando esse projeto, vão ter outras questões, outras histórias e outras relações que vão aparecer depois disso tudo que a gente tá passando”, pontuou Mariana.

O projeto ‘Moradas’, também de autoria da fotógrafa, também sofreu alterações por conta da pandemia e, portanto, ainda está em construção. A ideia é contar a história da cidade de Porto Camargo, interior do Paraná, através da fotografia das moradias dos habitantes. “Nos projetos a gente tem que começar pelo simples. Começar pelo que está perto da gente e a forma melhor que a gente vai abrir caminhos. Para a gente descobrir onde a gente quer chegar.”, afirmou Mariana ao comentar sobre como iniciou os projetos, “A simplicidade é o melhor caminho para quem está procurando um projeto.”

Na sequência, se apresentou o fotógrafo, Henry Milleo. Atuando na área de fotojornalismo e fotografia documental para veículos e agências nacionais e internacionais. Vencedor do Prêmio de Fotojornalismo New Holland em 2012 e um dos premiados da Poy Latam em 2013 e 2017. Atualmente, Heny trabalha como colaborador da agência alemã, DPA e a brasileira, Fotoarena.


Heny Milleo começou sua apresentação contando sobre sua primeira experiência com a fotografia, ainda quando era criança, manuseando a câmera de sua mãe em momentos especiais, devido ao custo de se revelar o material na época. Isso ajudou na construção da percepção de Henry sobre a fotografia ser algo com status de importância.


A intimidade com a câmera, a independência do profissional e a construção do cenário fotográfico foram alguns temas abordados na apresentação de Henry Milleo. Foto: Renata Cristina.


Apesar de começar a trabalhar com o fotojornalismo ainda muito cedo, Henry sentia a necessidade de desenvolver um material fotográfico que não fosse produto de demanda das matérias jornalísticas dos veículos onde trabalhou. Nesse momento nasceu a vontade de trabalhar com projetos onde poderia publicar seus trabalhos autorais.


“Coisas muito pequenas, podem render um trabalho depois” argumenta Henry ao explicar por onde começar um projeto fotográfico. “Em um projeto fotográfico, a fotografia é o que menos importa. O que importa é a história", defende. O fotógrafo apresentou registros que foi fazendo ao longo dos anos e como foi possível uma construção expositiva com todo o material fotográfico coletado.


A mediadora Ma. Elaine Schmit, comentou como é impossível desvincular a história de vida do próprio fotógrafo do material produzido, algo visível na apresentação da vida de ambos os convidados e o trabalho fotográfico apresentado pelos dois. Também foi ressaltado o quanto há essa relação íntima entre o fotógrafo, a fotografia, o entorno e o autoconhecimento são importantes para o trabalho.



A jornalista Ma Elaine Schmitt mediou o debate entre os convidados e o diálogo com os ouvintes que participaram pelo Chat ao Vivo. Foto: Renata Cristina.


Pelo chat ao vivo, alunos fizeram comentários, elogios e perguntas. Amanda Zanluca, estudante de Jornalismo, perguntou para a jornalista e fotógrafa, Mariana Alves, como havia sido a produção do projeto ‘Não repare na bagunça’ e ‘Morada’ durante a pandemia. Mariana explicou que ambos os projetos precisaram ser pausados até a melhoria das condições de saúde, mas que isso a proporcionou de retomar o olhar para a Fotografia de Rua que produzia no início de sua carreira profissional.


Amanda, também questionou o fotógrafo, Henry Milleo, sobre seu trabalho como editor da Artisan Raw Books. Henry comentou que o mais gostou do trabalho é poder conhecer novos trabalhos fotográficos, novos olhares e novas pessoas. “A fotografia me faz entrar em lugares e conhecer pessoas, que não conheceria se não fosse pela fotografia”, Mariana completou a opinião do colega, acrescentando que o trabalho como fotógrafa a fez não só revisitar lugares que já conhecia, mas também conhecer novos.


Dúvidas sobre o mercado fotográfico e utilização de novas tecnologias dominaram conversa com os espectadores. Foto: Renata Cristina.


Questionados por Gih Chuchene se a “Fotografia também é celular?”, Mariana argumentou que de nada vale um bom equipamento fotográfico, se o fotógrafo não tem o treino do olhar para a fotografia, defendendo que a fotografia através do celular seria uma maneira de treinar esse olhar. Henry também defendeu o uso do celular, revelando que usou desse equipamento para realizar o projeto fotográfico ‘Curitiba Centrão’, produzido por cinco anos e através de fotografias feitas com celular.


Jacqueline Ahsminny direcionou o debate para a questão mercadológica, quando perguntou sobre como “vender um projeto fotográfico idealizado e não encomendado?”. Mariana sugeriu que uma das formas mais comuns é através de editais e de busca de patrocínios. Henry salientou que o formato do projeto também vai direcionar o trabalho para a melhor possibilidade de mercado.


Ao final da mesa, os convidados e a mediadora ressaltaram o quanto é importante eventos como realizados pela Uninter de forma online, que aproxima profissionais de vários cantos do país e proporciona debates de qualidade sobre os temas. O último dia da Semana da Fotografia terminou com um convite para a conversa das novas tecnologias com o equipamento já trabalhado no meio fotográfico, além do treino constante do olhar do fotógrafo que teve a oportunidade de rever seus conceitos durante a pandemia.






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