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Sabrina Fernandes

Jovens e a pandemia: o medo acabou ou nunca existiu?



É, a pergunta é essa mesmo. O medo da pandemia acabou? Ou ele nunca existiu? No primeiro momento crítico que o Brasil passou com a pandemia, o número de mortes chegou a 1.394 em um dia. Isso foi em agosto de 2020. Naquela época, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pouco mais de 41% da população estava em casa e em isolamento rigoroso. Agora, oito meses depois, o país vem batendo recordes de mortes a cada dia. Quase 320 mil brasileiros morreram de Covid.


A situação é grave. Fase vermelha, bandeira preta, lockdown, novas variantes com potencial mais letal e de contaminação, hospitais já sem leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), falta de profissionais da saúde e pneumologista prevendo um cenário ainda muito ruim.


Mas em outros lugares, fora dos hospitais e cemitérios, temos aglomerações em festas clandestinas ou reuniões familiares. Parece até uma realidade paralela... Daqui alguns anos, quando essa pandemia estiver nos livros de histórias e nossas futuras gerações estiverem estudando isso, elas vão se perguntar “Como assim? Eles não respeitavam o isolamento?”, e com certeza vão ter um choque de realidade ao verem que não. Que a essa altura do campeonato, no pior momento da pandemia no país, o medo da Covid já não existia mais para algumas pessoas.


Os jovens, até então, eram um dos grupos menos afetados por complicações da Covid. Até surgirem as novas variantes que se mostram mais letais em grupos de menor faixa etária. Um dos maiores problemas é que parte deste grupo têm se exposto a riscos, como festas e reuniões. Ao se contaminarem e ao retornarem a suas casas, transmitem o vírus a seus familiares.


No final do ano ou no carnaval as praias estavam lotadas. Nas cidades, mesmo com restrições, há pessoas nas ruas, muitas vezes sem máscaras e sem os devidos cuidados.


Mas também há o outro lado, as aglomerações em ônibus, trem, metrôs... pessoas que realmente necessitam sair para trabalhar, sejam eles médicos, enfermeiros ou trabalhadores de outros serviços essenciais. Essas pessoas saem de casa todos os dias porque precisam, enquanto outros fazem suas aglomerações clandestinas sem necessidade, e acabam colocando em risco a vida de pessoas que amam ou a sua própria, superlotando o sistema de saúde.


Muito se falou sobre o que aprenderíamos com a pandemia, e muito se acreditou que daríamos mais valor a quem amamos, a quem temos do nosso lado, aos abraços, toques e momentos felizes. Um ano se passou, a situação piorou e os aprendizados ficaram para trás, ou apenas para aquelas pessoas que viveram na pele o quão mal esse vírus causa.


Quem não vivenciou esses tristes momentos, por hora, parece não ter dimensão do momento que atravessamos ou o egoísmo e negacionismo são maiores do que a razão.


Foto: Pixabay.

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