Autor: Leonardo Túlio Rodrigues - especial para Mediação/CNU
“Tudo é igual por aqui, não é difícil se perder.” As palavras ditas pelo transeunte que ajuda uma das protagonistas de “Lembranças de todas as noites” evidenciam não só a aparência do local onde as histórias que compõem o filme se passam, mas também a sensação sentida pelo público ao assistir à obra.
Dirigido pela cineasta japonesa Yui Kiyohara, o longa exibido nos dias 19 e 20 de junho na 12ª edição do Olhar de Cinema acompanha o dia de três mulheres de diferentes gerações que têm seus caminhos cruzados em uma cidade nos arredores de Tóquio.
Aproximando-se com leveza dos ritmos do cotidiano enquanto transita por fragmentos de um passado desconhecido, a cineasta preserva a complexidade das personagens sem cair na armadilha da simplicidade. O estranhamento inicial por parte do público acontece não só por se tratar de uma obra produzida em uma cultura tão diferente da nossa (isso fica evidente no filme), mas ao enxergarmos naquele cotidiano expresso na tela um pouco da nossa dinâmica como sujeitos em sociedade.
Essa não é a primeira vez que Yui Kiyohara chega aos olhos dos curitibanos. “Our House”, seu primeiro longa-metragem, foi exibido na sétima edição do festival de Curitiba, no qual ganhou o prêmio de Melhor Filme da extinta mostra Outros Olhares. Na época, o filme estreou internacionalmente no 68º Festival Internacional de Cinema de Berlim na seção Fórum e ganhou o Prêmio Novos Talentos Asiáticos de 2018 em Xangai e o Grande Prêmio no Festival de Cinema de Pia, em 2017.
Em “Lembranças de todas as noites”, o contraste entre o verde da imensa vegetação e o tom claro e opaco das casas e edifícios da cidade permanece ao longo de toda a obra. Ali, os cotidianos das personagens se entrelaçam, mesmo que de maneira singela, quase que imperceptível, como na realidade. Enquanto vivem suas rotinas, as personagens pertencentes a diferentes gerações lidam com seus dramas particulares e apresentam ao público um pouco mais sobre a cultura e funcionamento daquela sociedade.
À medida que o filme caminha, os contornos dramáticos se tornam cada vez mais evidentes, mostrando como a rotina esconde dramas e angústias que somente nós mesmos conhecemos. O longa “Lembranças de todas as noites”, de Yui Kiyohara, foi exibido na Competitiva Internacional da 12ª edição do Olhar de Cinema.
A Uninter é uma das patrocinadoras do festival, e a Central de Notícias Uninter (CNU) fez a cobertura de todos os dias do evento. Confira todas as matérias neste link.
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