Gil Baroni em discurso na abertura do Festival Olhar de Cinema, na Ópera de Arame
Quando uma população grita por socorro, é preciso um olhar sensível para enxergar essas pessoas. Gil Baroni tem essa sensibilidade. É o que pensa o professor da Uninter, mestre em Filosofia, pesquisador sobre cinema, Douglas Antunes. Segundo ele, o diretor do longa “Casa Izabel” acolheu as demandas de um povo e lhes concedeu uma representatividade verdadeiramente profunda.
Baroni veio ao mundo em Guarapuava, no Paraná, se formou advogado, mas iniciou uma trajetória no audiovisual dirigindo curtas-metragens. Seu primeiro trabalho como diretor de cinema foi o curta-metragem intitulado Quatro Amigos numa Mesa de Bar Falando de Amor (2001). Sua estreia na direção de longas ocorreu com o documentário Cantoras do Rádio: O Filme (2009). É um diretor que acumula prêmios e reconhecimento por onde passa: em 2003, recebeu seu primeiro Kikito, como produtor no filme “Paisagem de Meninos”, premiado como melhor média-metragem, roteiro, ator e prêmio especial do júri em Gramado.
Sempre presente nos circuitos de festivais de cinema nacionais e internacionais, ele coleciona premiações. Em 2016, o filme estrelado pela influencer Kéfera Buchmann, “Amor de Catarina”, foi selecionado pela curadoria do Festival de Cinema de Sundance para a 18ª edição dos Encontros com o Cinema Brasileiro. Em 2019, a badalada comédia romântica adolescente “Alice Júnior” rendeu à atriz trans e recifense Anne Celestino o prêmio de melhor atriz na mostra competitiva do 52º Festival de Brasília. Foi o segundo maior ganhador desta edição, com três outros Candangos: atriz coadjuvante (Thais Schier), trilha sonora (Vinicius Nisi) e montagem (Pedro Giongo). Mais adiante, o filme foi selecionado para ser exibido também no tradicional “Berlinale, o Festival de Cinema de Berlim”, um dos três maiores do mundo, ao lado de Cannes e Veneza.
Em 2022, o curta-metragem “Fim da Imagem”, foi selecionado pela curadoria para ser exibido na 50ª edição do Festival de Cinema de Gramado. Ainda em 2022, “Casa Izabel” foi consagrado omelhor filme na 26ª edição do Cine PE 2022. E finalmente, em 2023, o filme de Gil Baroni foi selecionado pela curadoria da 12.ª edição do Festival Olhar de Cinema para a abertura.
Casa Izabel foi exibido na quarta-feira (14) na Ópera de Arame – e foi a primeira projeção de um filme no espaço icônico de Curitiba. Sobre esse destaque, Baroni observa: “O Olhar de Cinema é um festival que eu acompanho desde o começo, é revolucionário e inspirador. Então estou feliz de exibir como abertura do festival. Muito importante ele [o filme] ser nacional também. O que tenho a dizer é gratidão e felicidade”.
O longa também estreou internacionalmente no Festival Frameline47, o mais importante festival de cinema LGBT+, o filme foi exibido no domingo (19) em São Franscisco, Estados Unidos, no Roxie Theater.
O professor Douglas, vê no trabalho de Gil uma evolução constante, “fica melhor a cada novo filme”. A professora Julie Fank, doutora em escrita criativa, sobre o filme declara, “incrível, roteiro muito fresco, contemporâneo, atento às questões do nosso tempo de um jeito sensível”.
Baroni é responsável pela produtora Beija-Flor Filmes, na qual foca no seu desejo de contar histórias sobre o universo das minorias, dos direitos humanos.
“Durante muitos anos eu fiz filmes que não tinham essa abordagem. Já era um cara bem resolvido sexualmente, bem bicha, viado. Nunca tinha feito um filme dentro da temática, falando sobre questões que eu vivo, vivi ou tô vivendo: meus pais, amigos, amigas. Eu acho que foi uma reflexão de amadurecimento, né? Eu senti que num determinado momento da trajetória, durante tantos anos realizando filmes, eu gostaria de contar outras histórias. Tenho muitas histórias. Quero trazer essas narrativas, quero trazer esses temas, mas falar como andam essas conquistas. Não só falar das violências que esses jovens sofrem, a comunidade sofre. E é isso.”
Autor: Thales Godinho - estudante de jornalismo
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