Autor: Nayara Rosolen - jornalista
O 12º Olhar de Cinema, Festival Internacional de Curitiba, surge com algumas mudanças na composição das exibições, que acontecem entre os dias 14 e 22 de junho de 2023. Dentre as nove mostras, o co-fundador e diretor artístico Antonio Gonçalves Jr. apresenta a criação da Competitiva Brasileira, com seis longas-metragens e oito curtas-metragens.
A premiação, agora mais ampla, vem com o intuito de dar uma resposta à grande quantidade de filmes brasileiros que a equipe curadora recebia a cada ano, cada vez maior. “Para valorizar ainda mais o nosso cinema”, salienta Antonio.
A curadora de curtas-metragens Carol Almeida conta que o processo de seleção e programação também mudou. Com mais tempo, e realizado por etapas, os profissionais curadores puderam visionar os filmes por grupos e debater “bastante” sobre eles antes de passar para os próximos.
“A gente conseguiu dividir e organizar de uma maneira mais eficaz, pelo menos do ponto de vista do debate, que para mim é a parte mais importante do exercício de curadoria, a conversa sobre os filmes”, afirma.
Carol salienta que, principalmente com relação aos curtas-metragens, a curadoria não se trata dos melhores filmes que assistem, mas sim aqueles que produzem debate e “estão falando alguma coisa para a gente (…) há uma certa recorrência de alguns temas ou de alguns tipos de provações com as imagens que parecem ser urgentes em determinados momentos. Isso é muito importante para pensar essa curadoria e para pensar também as sessões que a gente tenta montar, para que uma conversa seja produzida”.
Antonio se reuniu com a equipe de programação de curtas e longas-metragens em um seminário sobre o 12º Olhar de Cinema, no dia 15 de junho, às 11h, na sala de cursos do Cine Passeio. O evento aconteceu em dois blocos com os nove curadores, que puderam explicar um pouco do processo de curadoria e também fazer indicações de filmes.
Carla Italiano, curadora de longas-metragens, diz que um dos grandes desafios foi propor um recorte, “quais são os filmes e o que estão nos dizendo”. Para o curador de longas-metragens Gabriel Borges, este ano a programação do festival tem “um gosto de retorno muito especial”, que já vinha desde o ano passado, mas que agora se apresenta de uma forma mais próxima, com maior contato, desde o início da pandemia.
“Tem um lado de reconvidar uma comunicação. Casa Izabel é um filme que experimenta muito com gênero e que parte de uma comunicação muito mais próxima do público, lidando com algumas convenções narrativas e cinematográficas. E isso está se espalhando pela comunicação de muitas maneiras. A gente tem alguns filmes que retomam convenções, esse diálogo com gênero, mas sempre subvertendo, encontrando outras saídas, caminhos arriscados, muito diferentes”
A curadora de curtas-metragens Giulia Maria Roberta evidencia que durante o processo foi possível perceber que vários lugares do mundo têm se debruçado em cima de temas muito específicos e dois bastante evidentes na mostra são as mulheres e a maternidade.
Um dos motivos para que, embora as competitivas brasileira e internacional sejam premiadas separadamente, filmes nacionais e estrangeiros sejam entrelaçados na programação, devido aos temas recorrentes, muito presentes.
Kariny Martins, que também faz parte da curadoria de curtas-metragens destaca que, nos anos anteriores existia uma produção paranaense muito presente das universidades e que, nesta edição, foi possível fazer dois programas em que existe um olhar para o cenário do cinema paranaense, podendo assim “elaborar um pouco mais do que vem sendo produzido no estado”.
O bate-papo completo e indicações de cada um dos curadores está disponível para livre acesso no Youtube do Olhar de Cinema.
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