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Segundo o Unicef, a América é hoje a segunda região do mundo com pior cobertura vacinal. Cerca de 2,7 milhões de crianças não tomaram todas as doses em 2021, e o Brasil soma 40% das crianças não imunizadas na América Latina. As taxas de imunização no país têm caído desde 2017, quando a cobertura do tríplice viral alcançou apenas 84% das crianças, contra 96% em 2015.
Vale lembrar que, em 2017, o perigoso vírus da desinformação já assombrava redes sociais. Canais do Youtube, com mais de um milhão de acessos, davam conta de espalhar inverdades, como de que programas de imunização eram um “projeto de redução populacional”, alegando que vacinas são tão letais quanto as doenças. Na mesma época, ocorria uma onda de crimes contra macacos, porque parte da população acreditava que os primatas estavam transmitindo a febre amarela. No entanto, os macacos contaminados não transferem o vírus aos seres humanos. Infecta-se quem vai para a zona rural, sem a devida prevenção, e tem contato com os mosquitos transmissores.
O desolador é que, para além da referência internacional que o Brasil é em termos de festa popular e talentos do futebol, que se criam em nossas terras e ganham o mundo em abastadas jornadas, o Brasil é uma importante referência no mundo científico no que diz respeito à imunização. Fomos protagonistas em programas de vacinação de sucesso, como o Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em 1973, que erradicou doenças como a varíola e a poliomielite.
Há várias razões pelas quais países da América Latina reduziram a cobertura vacinal. Entre as razões alegadas está a desinformação. Parte da população acredita não ser necessário se prevenir contra doenças erradicadas nas regiões em que vive e outra parte teme reações prejudiciais ao organismo.
Para combater a queda da imunização, o Ministério da Saúde afirma que, ao longo dos tempos, houve aumento do número de doses adquiridas e da diversidade de imunizantes. Mesmo em 2021, com o desafio da vacinação contra a Covid-19, o Brasil conseguiu promover as devidas campanhas, apesar das Fake News espalhadas por autoridades do governo e até mesmo por médicos, criando ainda mais confusão a respeito da confiabilidade das vacinas.
Em junho de 2023, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou a criação de um projeto piloto de punição à conduta criminosa de quem espalha notícias falsas a respeito das vacinas. São necessárias ainda mais ações específicas para resgatar a confiança da população, para que o Brasil volte a ser referência internacional, no que diz respeito ao combate às doenças preveníveis. E para que a médio ou longo prazo não perca o posto de país do futebol e da alegria.
Produzido por Patrícia Gaudêncio
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