Apesar da queda, especialista alerta para os ambientes e acidentes mais comuns que variam desde a ingestão de produtos de limpeza, queimaduras, até atropelamentos em espaços públicos.
Playground em Mococa, São Paulo, um dos espaços que os especialistas alertam para riscos de acidentes. (Créditos: Milene Martins)
Mesmo com o período de férias escolares - quando as mortes de crianças e adolescentes por acidentes sofrem um aumento significativo -, os óbitos em decorrência de lesões acidentais sofreram uma queda de 31% entre os anos de 2017 a 2019. O número total de vítimas em 2017, apresentou uma queda de 6%. Já em 2018 foi a maior baixa com 18%, seguido de 2019, que registrou 10%. Pode parecer pouco olhando para a porcentagem, mas convertendo os números, o ano de 2019 registrou 192 mortes a menos que em 2015.
Sem nenhuma campanha de alcance nacional ou outras medidas governamentais que justifiquem a queda desses números, podemos associar a uma mudança da sociedade na forma como as famílias se organizam e se comportam. Como explica a pedagoga Karina Machado, remanejada para a prefeitura do município de Mococa, em São Paulo. “Os dados podem estar relacionados ao uso cada vez maior de tecnologias para entreter as crianças, como tablets e iphones (dispositivos eletrônicos), que estão cada vez mais acessíveis. Vídeos e jogos são estratégias cada vez mais comuns no repertório dos pais”, opina a pedagoga.
Dados retirados do DataSUS. (Créditos: Milene Martins)
Para Eduardo José Prado, médico e pediatra em Mococa, interior de São Paulo, é essencial ter a compreensão das faixas etárias para entender como e porquê os acidentes acontecem. “Os acidentes na primeira faixa etária podem ocorrer pela criança estar restrita em casa, e nesses casos, o ambiente que oferece mais riscos é a cozinha, seguido do banheiro”, esclarece o médico.
No primeiro ambiente (a cozinha), queimaduras e ingestão de produtos de limpeza são os acidentes mais comuns. Já no banheiro, além do risco de ingestão de produtos de higiene, podem ocorrer também quedas com consequências graves. Para crianças maiores que brincam em ambientes como a rua, em locais com mais espaço e com brinquedos que conferem velocidade, os riscos são para quedas de bicicleta, patins e patinete, além de atropelamento.
O médico e pediatra Dr. Eduardo José do Prado, alerta sobre os acidentes mais comuns em cada faixa etária. (Créditos: Milene Martins)
Já a última faixa etária, que vai dos 15 aos 19 anos, os perigos são outros. Com a necessidade de serem aceitos em grupos, esse público acaba praticando atividades de risco. Dentre os exemplos estão os acidentes causados em piscinas. Como comenta Prado: "Na nossa região há uma questão com o consumo de bebida alcoólica, onde aos 14 anos já existe o contato com a bebida. Aí temos a bebida alcoólica nas festinhas, a imaturidade, a necessidade de se mostrar superior mediante do grupo… É quando os acidentes acontecem”, conta ele. O médico faz ainda um alerta para os acidentes rodoviários, que vitimam pessoas de todas as idades e aumentam muito no período de férias, por conta das viagens em família.
Como evitar acidentes sem prejudicar o desenvolvimento infantil?
Para a pedagoga Karina Machado, instruir e orientar as crianças é uma das formas dos pais evitarem os acidentes. "Os pais podem replicar algumas coisas que são feitas na escola, com o intuito de evitar acidentes e ter bons resultados com isso. Deixar pistas de onde não se deve mexer, afastar o perigo do espaço da criança e organizar uma rotina, por exemplo", comenta Machado.
Entretanto, Machado ressalta que é preciso que a criança tenha espaço para exercer sua liberdade tanto no exercício motor, quanto no exercício da curiosidade. Dessa forma, a supervisão constante e o direcionamento planejado de todas as ações da criança, podem prejudicar o seu desenvolvimento. Uma rotina completamente preenchida com aulas de balé, karatê, natação, inglês, e outras atividades direcionadas podem não ser a melhor forma de replicar a escola para garantir o desenvolvimento da criança.
Pedagoga Karina Machado orienta sobre os acidentes com crianças e adolescentes. (Créditos: Milene Martins)
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