top of page
matheusfabro1

“A Rainha Diaba” aborda o consumo de drogas na década de 70 e retrata Madame Satã

Autor: Evandro Tosin - jornalista

Uma rainha que desejava salvar o seu namorado da prisão. Tudo que ela precisava é de alguém para levar a culpa. Mas não pense que essa é daquelas monarcas que vivem em um castelo, com vestidos e cabelos longos. A Rainha Diaba é poderosa e tem domínio das bocas de fumo na década de 1970, no Rio de Janeiro, na Lapa.


Com o roteiro de Plínio Marcos, inspirado na vida real do criminoso da baixada santista João Francisco dos Santos (conhecido de Madame Satã), “A Rainha Diaba” foi o segundo longa-metragem do diretor Antônio Carlos da Fontoura. A obra foi lançada em 1974, em meio à ditadura no país, quando o mundo vivia os solos de guitarra de Jimmy Hendrix e de total ebulição cultural.


A Diaba, homossexual que chefiava os locais de venda de drogas na Lapa diretamente do bordel, é interpretada por Milton Gonçalves (1933-2022). O personagem foi marco para o cinema LGBTQIAPN+ brasileiro. A trama se desenrola quando é descoberto que um dos membros estava para ser preso pela polícia, a solução foi encontrar uma pessoa para culpar.


Bereco (Stepan Nercessian) é convencido por Catitu (Nelson Xavier / 1941-2017) a entrar no narcotráfico da favela. Assim, ele começa a realizar crimes, e fica mais fácil entregá-lo para a polícia. Entretanto, ele escapa, e inicia uma luta pelo poder do contra Diaba.


Meio século depois, o drama “A Rainha Diaba” foi reexibido no 12º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba no Cine Passeio, realizado entre os dias 14 e 22 de junho de 2023. Fizeram parte do elenco do filme nomes como Odete Lara, Haroldo de Oliveira, Perfeito Fortuna, Wilson Grey, Yara Cortes e Zezé Motta.


A obra original filmada com uma câmera de 35mm foi restaurada pela Link Digital/Mapa Filmes, através de negativos do Arquivo Nacional e do Centro Técnico Audiovisual da Secretaria Especial da Cultura, do Ministério do Turismo. Neste ano, a Rainha Diaba também fez parte do Festival de Berlim, e a cada plateia vai ganhando novos significados.


A jornalista Isabella Milena do Nascimento que participou da sessão, elogiou a direção de arte e o formato espontâneo. “A primeira vez que eu tive contato com o filme. Ao mesmo tempo que é trágico, é cômico. Ver a diferença do que a gente vê hoje com a comunidade LGBTQIAPN+, em relação ao que era antes”, relata.

Para a cientista política, Laira Tenca, o que chocou foi a qualidade das interpretações, com leveza e naturalidade, mostrando as pessoas LGBTQIAPN+ nos seus contextos reais.


O cineasta baiano indicado ao Emmy Internacional em 2022, Aly Muritiba, participou do festival e opinou sobre a importância de “A Rainha Diaba” no cinema brasileiro. “Impressionante como o filme, 50 anos depois, ainda é atual. Uma série de questões e pautas que são discutidas”, afirma.

A Uninter é uma das patrocinadoras do Olhar de Cinema, e a Central de Notícias Uninter (CNU) e realizou a cobertura do evento (saiba mais).

2 visualizações

Comentários


bottom of page