Dizem que onde há fumaça há fogo, mas se o local em questão for um teatro, a fumaça geralmente é sinal de que a magia está prestes a começar. Quem chegou adiantado para ver o espetáculo Tistu – O Menino do Dedo Verde, uma das peças do Guritiba, programação infantil do Festival de Curitiba, pode constatar que os bastidores de uma peça são um espetáculo a parte.
Cenário simples e modular da peça aumentou a conexão do público com a atuação dos personagens
Antes dos atores entrarem em cena, a plateia ecoava uma verdadeira sinfonia dos anjos. Eram crianças rindo, brincando, conversando e, sobretudo, ansiosas para o começo da fantasia. A alegria estampada no rosto de cada pequenino era refletida no rosto de cada “grande criança” ao seu lado. A maior parte do público ficou imersa no universo teatral assim que ocupou seu lugar na plateia e a espera, que as vezes é entediante e cansativa, foi transformada em um momento de confraternização entre pais e filhos.
Era possível ver alguns cantando cantigas de um lado. Outros explicando um pouco sobre como funciona uma apresentação. Tinha também quem já conhecia a história e se perguntava se a encenação seria parecida com o texto original. “Olha só que legal filho, quando você for na escolinha segunda-feira vai poder contar para a professora que você foi num teatro”, dizia um dos pais na plateia, segundos antes da campainha soar, sinalizando o inicio da peça.
Foto: Festival de Curitiba
Quando a luz baixa entrou em ação, a plateia trocou o “começa, começa, começa...” por um suspiro de emoção. Todos concentrados e em silêncio, fixaram seus olhos no palco, mas quando a história começou a ser contata, foi difícil segurar a reação. A cada fala ou gesto dos atores, o público interagia.
O cenário simples e modular ajudava a manter o foco na atuação, que favorecia essa conexão com a plateia. Na troca entre cenas, os próprios personagens mudavam as posições dos cubos em cima do palco e criavam um novo ambiente. O jogo de luzes e a trilha sonora também ajudavam no clima, que manteve todo mundo atendo até o último instante. Mais do que uma apresentação de teatro, a iniciativa foi uma experiência única.
Ao entrar no auditório Poty Lazzarotto, onde a peça foi realizada, cada criança ganhou um pacote de pipoca, mas a doçura já começava do lado de fora do Mon, quando os pequeninos eram estimulados a brincar nas atividades paralelas. Em um mundo cada vez mais digital, onde crianças aprendem a usar um tablet ou smartphone antes mesmo de começar a falar direito, não há nada mais encantador do que ver crianças sendo crianças de verdade, pulando corda, correndo, pintando e se divertindo ao ar livre. Está aí outra mensagem forte extraída do Festival de Teatro de Curitiba.
Texto e foto: Jeniffer Oliveira
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