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Para quem não se lembra - ou nem sequer tenha ouvido falar, no ano de 2018 especialistas alertaram de que tínhamos apenas 18 meses para salvar o planeta Terra. Mas o que significava esse prazo? Se tratava do tempo que teríamos para diminuir as emissões de dióxido de carbono e outros problemas ambientais, a fim de evitar os efeitos devastadores das mudanças climáticas. Agora, quase dois anos após esse alerta e perto do final do prazo - que se encerra no final deste ano, não preciso nem indagar você leitor a refletir se tivemos alguma mudança. Mas se ainda há alguma dúvida, principalmente para os anti-ambientalistas, basta apenas se atentar para as recentes tragédias ambientais para ter a certeza de que a humanidade deu xeque-mate na tal ideia de “salvar o planeta”.
Mas diante do fim desse prazo, você pode estar se perguntando: e o que vai acontecer agora? Bem, eu diria que a pior crise hídrica do Estado do Paraná, o pior mês de queimadas da história do Pantanal, e os recordes de altas temperaturas em cidades como São Paulo e Curitiba, sejam visíveis indicadores do que devemos esperar a partir de agora. Ainda sobre indicadores, o relatório do Jardim Botânico Real do Reino Unido, divulgado na semana passada, mostrou que 40% das plantas estão sob risco. O estudo contou com a participação de pesquisadores de 42 países, incluindo o Brasil, onde das mais de 36 mil espécies de plantas catalogadas no país, 3.934 estão ameaçadas. Pode parecer pouco, mas as 36 mil plantas catalogadas no Brasil representam mais de 10% das 350 mil espécies conhecidas em todo o planeta. Um número bem significativo, visto que os seres humanos dependem das plantas para continuarem vivendo.
Mas não apresentarei apenas dados negativos neste artigo, afinal, podem pensar que sou completamente pessimista quanto à salvação da humanidade. Há também uma outra pesquisa muito interessante feita pela consultoria GlobeScan em 25 países, incluindo o Brasil. O estudo feito no país, em parceria com o Instituto Akatu, mostrou que 69% dos brasileiros sabem que a forma como vivem compromete os recursos naturais e também acreditam que podem fazer muito para salvar o meio ambiente. Mas, então, se temos a consciência sobre o quão danosa tem sido a ação humana para o meio ambiente, por que não há mudanças? Porque falar é uma coisa bem diferente do que se colocar em prática, principalmente quando se trata de mudanças de comportamento. Então, ainda que tenhamos uma consciência (pesada), continuamos sendo um dos países com maiores índices de desmatamento. Reciclamos menos de 5% dos nossos resíduos e elegemos governos com claro descaso por questões ambientais. Tem como ser positiva?
Então, de quem é a culpa de termos chegado até esse ponto? De governantes, empresas? Sim, eles tem sua grande parcela de culpa, mas isso é algo que vai além de governos. É algo que eu e você também temos culpa, afinal somos mais de 7 bilhões de pessoas no mundo. Mas se realmente quisermos deixar um planeta seguro para nossos filhos, netos e tataranetos, precisamos colocar em prática aquilo que já temos consciência. Há alguns dias eu estava em um cômodo do meu apartamento, quando ouvi involuntariamente a conversa de uma criança com um adulto enquanto passavam em frente a minha janela. A criança fez a seguinte pergunta: para que servem as plantas? A resposta por sua vez infelizmente não consegui ouvir, mas essa simples pergunta nos revela a importância de termos uma educação ambiental que ultrapassa as barreiras da escola.
Hoje facilmente temos a informação, mas não temos o conhecimento como, por exemplo, quais são os reais desafios, causas, consequências e possibilidades de soluções para as crises ambientais. Outro fator importante para gerar mudanças é sermos mais empáticos, mas essa empatia só é gerada quando estamos em conexão/contato com a natureza. Precisamos nos tornar ativistas e apoiadores da causa, como o Greenpeace, organização não-governamental ambiental. Lembremos da menina sueca Greta Thunberg, que liderou o movimento Greve das Escolas Pelo Clima (Fridays for Future na Suécia), e outros tantos jovens e organizações que defendem de forma voraz essa causa.
Perdemos o prazo para salvar o planeta, mas, se quisermos continuar vivos, precisamos de uma mudança. Como aquelas já conhecidas instruções de não jogar lixo na rua, reciclar o lixo e usar sacolas e canudos recicláveis. São pequenas atitudes que fazem a diferença, mas infelizmente precisamos de mais. Porque quem decide o que virá agora, somos eu e você. Assim como mostra a imagem que abre esse artigo, o planeta está em nossas mãos. Então, o que vai ser?