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Amanda Zanluca

Jornalismo Independente: uma área em crescimento

Atualizado: 15 de fev. de 2021


Kainan Lucas Salvatico Wirth, criador da Rádio Pop FM. Créditos: Arquivo Pessoal

Com um jornalismo cada vez mais concorrido, iniciativas independentes nativas do meio digital, surgem como uma alternativa para aqueles profissionais que não estão nas tradicionais "redações" jornalísticas. O jornalismo freelancer e o empreendedorismo jornalístico têm se tornado cada vez mais recorrentes, particularmente entre os jovens repórteres e iniciantes no campo da comunicação.

O artigo "O que o Jornalismo está se tornando", escrito pelos holandeses Mark Deuze e Tamara Witschge, traduzido por Rafael Grohmann para a Revista Parágrafo, mostra o que tem contribuído para esse cenário de jornalismo independente. “Destacamos as seguintes tendências: uma reorganização dos ambientes de trabalho; a fragmentação das redações; a emergência de uma sociedade “redacional”, e a ubiquidade das tecnologias midiáticas. Estas tendências, cada uma à sua maneira, apontam para uma perspectiva de jornalista mais individual que institucional e para uma necessidade de reconceituar o campo".

Atrelado a esses fatores, os profissionais da mídia passaram a ter que incorporar uma mentalidade mais “empreendedora”. Surge um novo perfil de profissional que encontra, na tecnologia, um espaço para criar. Mas sobre essa nova conceituação, os pesquisadores destacam que “a filiação, em jornalismo, não é somente determinada pelo estar “dentro” das redações, ou ficar em pé do lado de fora (com a esperança de entrar). Quando consideramos as disrupções e os desenvolvimentos do campo no nível das organizações jornalísticas, torna-se aparente que, na era digital, não se trata tanto de um lugar, mas de um processo que envolve rede de pessoas, tecnologias e espaços. Há um intenso grau de fluxo, borrando dentro e fora as fronteiras das redações e seus ambientes”, destacam Deuze e Witschge.

Para o professor de comunicação Clóvis Teixeira, a internet, por não ser um veículo institucionalizado, acaba sendo a grande rede de comunicação que facilita a criação de projetos independentes. “Essa questão vai acabar trabalhando e facilitando os projetos independentes. Então, ela é dependente da internet e não teria sentido se não fosse essa conexão em rede que a gente vive hoje que possibilita a capilaridade e a circulação desses projetos independentes. Antes você dependeria de uma forma institucionalizada de empresas que iriam circular o teu produto”, comenta.

Outra questão que Teixeira aponta, é a midiatização, processo que abre caminho para essa tendência de projetos independentes. “Como que a comunicação, como instituição, se torna uma instituição independente de outras e que hoje em dia move e molda as outras instituições. Um exemplo disso é como que a política tem que falar a linguagem da comunicação. Ela precisa dessas competências. A educação precisa falar a linguagem da comunicação, a religião está falando a linguagem da comunicação. Então, a comunicação ela hoje é uma instituição que molda as demais instituições e esse processo se chama midiatização. A midiatização abre espaço para você ser o seu próprio porta-voz”, explica.

Projeto de alunos

Com a internet, conseguimos chegar em determinados públicos sem precisar estar inseridos em uma grande rede de comunicação. Diante disso, muitos estudantes e profissionais da comunicação têm criado seus próprios negócios no meio digital. A estudante do terceiro ano do curso de Jornalismo Patrícia Lourenço, descobriu através de uma das disciplinas do curso o desejo em ter um espaço para falar sobre o que mais gosta: cinema.

Lourenço, que criou o Blog Sétima Sala, conta como teve a iniciativa. “No final de 2018 no curso de jornalismo da Uninter, eu tive a disciplina de Cinema com o professor Patrick (Diener). E foi quando eu decidi que realmente gostava muito de cinema e que eu queria começar a estudar mais sobre isso e tentar entender cada vez mais todo o universo da indústria cinematográfica. Então, no primeiro momento, eu comecei a fazer cursos de cinema e a estudar esses cursos menores até para roteiro, introdução ao cinema, linguagens. E foi com a aula do Patrick em que a gente tinha que escrever críticas, que eu comecei a gostar muito disso e decidi criar o blog. Criei o blog em dezembro de 2018 com a ideia de escrever críticas voltadas para os filmes de Oscar, porque era bem na temporada. Mas era algo próprio para justamente satisfazer uma questão pessoal, algo que eu gostava muito”, comenta Lourenço.

Outro projeto criado por estudantes durante o curso é o Podcast Inclusão Pop, que aborda sobre o mundo pop e geek sob uma perspectiva LGBTQ+. Em parceria, os estudantes Josias de Oliveira Silva Junior e Rafaelle dos Santos Batista, criaram o podcast, orientado pela professora Karine Moura. Batista comenta sobre o projeto: "Desde o desenvolvimento do podcast, nós sempre tivemos suporte da professora que coordena o projeto e da rádio da faculdade. Então, ter essa base foi essencial. E apesar do conteúdo de entretenimento ser um pouco saturado atualmente, nós sempre tentamos trazer um diferencial, uma perspectiva diferente de assuntos relevantes a comunidade LGBTQ+, com um olhar mais político também. Não é fácil criar conteúdo, apesar de falarmos sobre algo que gostamos e experiências próprias. Tem que saber dosar também com pesquisas e opiniões de pessoas especialistas naquele assunto. Não é só ligar o microfone e falar", conta.

Os estudantes André Luiz de Lara e Mateus Suzin Ferreira, também resolveram criar o seu próprio negócio no meio digital. Com a página no Facebook intitulada de Futebol de Gaveta, os estudantes abordam sobre tudo do futebol. A ideia que começou no primeiro ano da faculdade, é um espaço para colocar em prática o que aprendem em sala de aula, como conta Lara. "Como nós gostamos de esporte, mais precisamente do futebol, decidimos que íamos buscar informações, trazer curiosidades e números e todo assunto que envolve o futebol. Então, primeiro procuramos o nome, algo que fosse diferente mas que ficasse na cabeça das pessoas. Por isso usamos o nome "Futebol de Gaveta", que faz referência à gaveta por contar histórias do futebol, trazer acontecimentos históricos e também, na gíria do futebol acertar um chute no ângulo. Além da página, temos um canal no Youtube onde estamos produzindo alguns conteúdos para colocar no canal", comenta o estudante.

Uma rádio totalmente online é o projeto que foi criado por Kainan Lucas Salvatico Wirth, quando ainda era estudante. O egresso conta como criou a Rádio Pop FM que hoje se tornou uma empresa de comunicação. "A rádio foi criada em março de 2019 com a ideia primeiramente de colocar em prática tudo o que a gente aprende dentro da faculdade. Como, por exemplo, a locução, operação de áudio, texto para site entre outros. Então, chamei alguns amigos que estão em diferentes anos da faculdade para abraçar esse projeto comigo. Não esperava que a rádio daria tão certo, que o projeto viraria uma empresa e, em tão pouco tempo, ela seria um sucesso na internet", conta Wirth.

Divulgue seu projeto

Se você também é estudante do curso de Jornalismo da Uninter e tem algum projeto jornalístico independente, nós, da Agência Mediação, queremos conhecer! Acesse a categoria Projetos Independentes e conte sobre o seu projeto.

Créditos: Arquivo Pessoal

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