A inalação de óxido de nitrogênio, dióxido de enxofre, gás carbônico, hélio e outros gases tóxicos vitimaram 481 pessoas no Brasil desde 2002. De acordo com dados do Ministério da Saúde, os homens representam cerca de 75% dos óbitos, e a população mais afetada são jovens com idade entre 20 e 29 anos. Um terço das mortes foram dentro das residências.
Situações envolvendo substâncias tóxicas com gases tem levantado um alerta nacional após um caso de vazamento de gás que matou uma família de brasileiros que estava em viagem no Chile. Seis pessoas morreram em maio deste ano no país andino em decorrência de um vazamento de monóxido de carbono por um aparelho doméstico no apartamento que a família havia alugado.
O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor e inodoro, que quando inalado impede que o sangue transporte oxigênio e não permite que os tecidos o utilizem eficazmente. Uma quantidade reduzida não costuma ser prejudicial. No entanto, resulta numa intoxicação quando as concentrações de monóxido de carbono no sangue se tornam muito elevadas.
Daiane ao lado de seus dois filhos. Nicolas à direita minutos antes do incidente em sua casa. (Foto: Arquivo pessoal)
De aparelhos eletrônicos a simples bexigas, as formas de intoxicação são as mais variadas. Nicolas Flores Forchesatto, de 8 anos, quase foi vítima fatal de uma "brincadeira" com gás hélio. O jovem chegou a perder a consciência e ficar minutos desacordado após a inalação.
O fato aconteceu em julho deste ano, na cidade de Catanduvas (SC). Nicolas foi encontrado desacordado na sala de casa, logo após a sua festa de aniversário e foi socorrido pela mãe. O garoto foi vítima de uma das intoxicações mais comuns no Brasil, e que não possui nenhuma norma de segurança que garanta um uso correto de substâncias como a do gás hélio.
Daiane Flores, mãe de Nicolas, emociona-se ao explicar o ocorrido e destaca: “que este caso sirva de alerta para muita gente, e principalmente para os pais das crianças que gostam de brincar com coisas como esta. Essa simples brincadeira, quase custou a vida do meu filho”.
Como evitar os acidentes?
De acordo com o técnico do Instituto Médico Legal (IML), Alexandre Mikos, as causas mais comuns por intoxicação são devido à falta de conhecimento das vítimas. Exemplo disso, é de que um aparelho comum doméstico, como o aquecedor, pode levar à morte, pois são combustíveis para o vazamento do monóxido de carbono, que mata em pouco tempo. “O organismo entra em colapso quando é inalado o gás químico e a reação é bem rápida, pois é silenciosa e imperceptível”, destaca Mikos.
Para o médico do IML, a melhor forma de evitar acidentes é deixar o ambiente sempre bem ventilado. “O escoamento do ar para fora é uma das alternativas para evitar algum acidente fatal com o monóxido de carbono. Além disso, sempre é importante a manutenção desses equipamentos e tubulações de ar", explica.
Existem também outros equipamentos domésticos movido a gás que podem causar a morte através do CO, como lareiras e churrasqueiras. Confira algumas dicas para prevenir o acidente:
- Sempre fazer manutenção das instalações e gás da sua residência antes e depois de instalado.
- Evitar deixar as janelas fechadas por muito tempo. Sempre deixar a ventilação fluir.
- Jamais deixar seu carro ligado na garagem.
- Instalar detectores de monóxido de carbono ao redor do imóvel.