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Nicole Bek

Em Curitiba, mulheres assumem a direção do transporte público


Mulher no volante é sinal de eficiência constante. É o que aponta o último relatório da Seguradora Líder, que administra o seguro Dpvat. Segundo os dados da agência, apenas 15% dos motoristas indenizados em 2018 por conta de acidentes no trânsito eram mulheres. Além disso, das 328 mil indenizações pagas no ano passado, 25% foram destinadas a acidentes envolvendo vítimas do sexo feminino.


Apesar dos dados apontarem maior segurança quando a direção está na mão das mulheres, ainda baixa a participação feminina no mercado de transporte de pessoas nos centros urbanos. Segundo dados da Urbs, apenas 10% dos mais de 3,8 mil motoristas de táxis são mulheres. No transporte coletivo, o dado é mais alarmante. De acordo com o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), dos 3,3 mil motoristas de ônibus, 100 são mulheres. O número representa 3% do total de trabalhadores que conduzem linhas de alimentadores e biarticulados.


Maria Aparecida Dario de 52 anos, é uma das motoristas. Mãe de dois filhos e avó de três netos, Maria, que tem formação em técnico em radiologia, transporta diariamente centenas de pessoas na linha que liga o centro da cidade com o bairro Fazendinha. Há dez anos que ela começou na profissão de motorista, dos quais oito como condutora de transporte público. "Sempre foi um sonho ser motorista de caminhão, mas foi no ônibus que descobri minha vocação", afirma.


Quando completou 40 anos, Maria decidiu fazer o curso de condutora para emitir a carteira de habilitação categoria D, que permite a conduzir veículos que transportem mais de 8 pessoas. Logo após se habilitar, conseguiu uma oportunidade de trabalho numa transportadora que tinha por padrão contratar motoristas mulheres para serviços de entrega e coleta de materiais.


Dois anos depois, com experiência, resolveu participar de um processo de seleção em uma empresa do transporte público curitibano. “Na época eu era a única mulher concorrendo a uma vaga”. E conquistou o espaço. Questionada sobre preconceito, Maria resume a situação em um caso que diz ser rotineiro para ela e colegas de linha de transporte. “Tem um senhor, que quando entra no ônibus e vê que é uma motorista mulher dirigindo, se recusa a ficar, e desce para esperar o próximo coletivo”, desabafa.


Segundo Mauro Magalhães, coordenador operacional da Setransp, apesar de não existir uma previsão legal de cota para motoristas mulheres, as empresas, via de regra, têm contratado independentemente do gênero.

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