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Patrícia Zeni

A homofobia no futebol


(Crédito: Fifa)

A cada 19 horas um LGBT morre no Brasil. Em 2017, por homicídio ou suicídio 445 morreram em decorrência da orientação sexual. O número é maior que em países em que há pena de morte para pessoa LGBT.

A realidade para quem é “diferente” é essa, e no futebol replica-se o padrão. Um esporte predominantemente masculino, que resiste a abrir os espaços para a minoria, vê jogadores gays sofrendo para ‘sair do armário’ e torcedores se sentindo ameaçados dentro dos estádios.

Um exemplo de jogador brasileiro que sofreu e ainda sofre homofobia é o volante Richarlyson. Campeão brasileiro em 1985 pelo Coritiba, o jogador sempre sofreu preconceito por parte das torcidas dos clubes que passou, mesmo nunca se declarando homossexual. Quando em 2017 o atleta foi apresentado no Guarani, de Campinas, dois torcedores com a camisa do clube atiraram bombas na frente do Estádio como forma de protesto pela contratação. Nas redes sociais não foi diferente. Apesar de a maioria ter demonstrado apoio à contratação, muito provavelmente pelo futebol e não pela orientação sexual, alguns insultos e piadas homofóbicas foram publicadas. uma delas foi a de um vereador da cidade, torcedor do rival Ponte Preta, que fez o seguinte post nas redes sociais: “a pessoa certa no lugar certo”.

Outro caso mais recente é do jogador Nikão, do Atlético-PR, que postou nas redes sociais uma imagem com dois casais homossexuais e com a legenda: “Isso nunca será aceito por Deus”

O que aconteceu neste caso? Nenhuma punição

Futebol feminino

A realidade é diferente quando se trata do futebol feminino. As jogadoras não têm esse mesmo medo, a torcida não se importa. No campo, a única coisa que importa é o futebol, como deve ser.

Importantes jogadoras e treinadoras que participaram da Copa do Mundo de 2015, são assumidas. É que aponta o site Outsports. 18 participantes do mundial daquele ano eram declaradas abertamente lésbicas ou bissexuais. Curiosamente 18 a mais do que a Copa masculina disputada um ano antes.

Qual o exemplo podemos usar aqui? Simplesmente a melhor jogadora do mundo, brasileira, aquela que conhecemos muito bem: Marta. Comentários como “imagina um filho dela e (insira aqui algum jogador que jogue bem e seja eleito melhor do mundo)” são feitos constantemente por quem quer exaltar o feito dela. O que está errado nesse comentário preconceituoso?

No acesso do CSA, de Alagoas, time do coração de Marta, ela estava no estádio com a namorada, que é companheira de time no Orlando Pride, dos Estados Unidos. Mas a principal e maior jogadora do país não pode ser lésbica, pode? Para quem é do futebol feminino, claro que pode! Para quem é acostumado com a cultura machista e homofóbica do futebol masculino?

Deus nos livre!

E a mudança?

A fórmula para mudança no futebol masculino não é simples. Precisa de uma reeducação das pessoas. É um problema social, que não atinge somente o mundo futebolístico. Não dá para precisar quando o futebol feminino evoluiu para ser tolerante.

Acredito que tenha sido na fundação, quando não importava a orientação sexual, se você fosse mulher, não poderia jogar futebol. O futebol feminino é um espaço de luta, por que o masculino não pode ser também?

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